Liderança feminina a caminho do topo

Palestrantes do gabarito de Ionara Pantes Domingues, diretora de Recursos Humanos da Iveco Latin America, de Graça Bernardes, diretora da GB Desenvolvimento Humano e Empresarial e presidente do Comitê de Mulheres Executivas do WTC-SP e da jornalista Joyce Moysés, autora do livro “Mulheres de Sucesso Querem Poder … Amar” estiveram no Fórum Mulheres em Destaque. O evento tem apoio da Fundação Getúlio Vergas (FGV), da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de São Paulo (BPW-SP), da Federação das Associações de Mulheres de Negócios e
Profissionais (SPW Brasil), da Sociedade Brasileira de Coaching, do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo, do Mulheres de Negócios do Linkedin, do Incríveis Mulheres Automotivas, da Associação Brasileira de
Logística (Aslog), do Quantum Lab e do Jornal Folha Mulher.
Cunha no fechado clube masculino
A presença de uma mineira no alto escalão da Iveco Latin America, fábrica de caminhões de origem italiana, a única
em toda a diretoria, marca um gol nessa corporação multinacional comandada historicamente por homens. Para ela, a engenheira Ionara Pontes Domingues, foi uma conquista depois de fazer carreira na Fiat e em outras empresas do grupo no Brasil. Ela atribui a promoção à visão moderna do presidente da empresa, que tem escolhido seus executivos, com olhar sem preconceito, baseado na competência profissional, indiferente ao gênero. “Em geral as mulheres eram mais bem qualificadas, diz ela. A Iveco Latin America, que triplicou o número de funcionários nos últimos quatro anos, deve se tornar um case de gestão para o grupo”, afirmou. Como diretora de Recursos Humanos, ela faz a gestão de pessoas e de processos, adotando como princípio ouví-las tentando colocar no lugar de cada uma, reconhecendo o papel de liderança ou gerencial para construir uma relação de confiança e obter os resultados almejados.
Ionara Domingues afirma que, apesar das pressões inerentes ao cargo, sente-se confortável porque faz o que gosta. Proprietária de três fazendas de reflorestamento em Minas Gerais, no segundo casamento e com três filhos menores, poderia deixar de trabalhar, se quisesse. Confessa ter conflitos e remorsos por não dar aos filhos a atenção que gostaria,
principalmente quando fica sabendo, por exemplo, que sua filha recentemente havia ficado em dependência em quatro matérias na escola. “Várias vezes tenho perguntado a eles se gostariam que eu deixasse o trabalho para ficar com eles em casa, mas a resposta tem sido a mesma sempre, que eu continue a me dedicar ao trabalho”. Ela diz que o melhor que pode fazer é dar exemplos para seus filhos. E cita o caso de uma irmã, que deixou de trabalhar para criar os filhos e nem ela nem os filhos são mais felizes por isto. Além de se dedicar à empresa e à família, Ionara acha tempo para fazer peças em uma marcenaria que montou recentemente em casa, tocar saxofone e violão, além de fazer caminhada e
meditação. “Nada disso é feito com muita dedicação, mas estas atividades me ajudam. Na convivência com seus pares na diretoria, ela diz que é a que mais fala. “O que a mulher tem de diferente é que ela fala para pensar, enquanto os homens pensam antes de falar”. Mas que costuma ser ouvida e reconhecida. ”Gostaria muito de ser racional, mas sou emocional com o lado materno sempre aflorado”, diz ao referir-se à convivência com filhas de mães que trabalham e que encontram nela o aconchego que carecem. Para evitar que esse comportamento afete a gestão, pediu a um auxiliar próximo que a alerte quando está exagerando.
Conquistando o mundo
“Executivas no Mundo Globalizado” foi o tema da experiente Graça Bernardes, diretora da GB Desenvolvimento Humano e empresarial, que já viajou por 130 países em sua carreira em empresas de origem americana, abrindo mão da convivência familiar por mais tempo do que poderia desejar, conhecendo diferentes culturas e povos, procurando adaptar-se a costumes diversos, mas com boas oportunidades de convivência. “A primeira coisa
para desenvolver uma carreira como esta é gostar de viajar”, disse Graça que, passou muitos fins-de-semana fora de casa entre um país e outro, a dez ou doze fusos horários do Brasil. Em vez de se aborrecer, Graça disse que aproveitava para passar o fim de semana no país em que estava ou já embarcava para o próximo, onde teria reunião na segunda-feira. Procurava se inteirar da cultura, conhecer monumentos ou museus ou uma nova culinária. As dificuldades maiores ela encontrava nas culturas fechadas de países do Leste Europeu ou do Oriente, onde
era sempre acompanhada de um intérprete, pois dificilmente se fala inglês, espanhol ou português, línguas que domina. Na China, por exemplo, recomenda-se não usar branco, a cor do luto e evitar referir-se ao número 4, que representa a morte. Na Rússia, não é permitido recusar vodka, mas para sorte de Graça, mulher nunca é convidada para um drink. Na Jordânia, Graça já tinha que sair do aeroporto com véu sobre a cabeça e nunca chegar sozinha. Graça diz ter se encantado com a Turquia e a África do Sul pela cultura, liberdade, respeito e facilidade nos contatos. Por fim, Graça Bernardes ressaltou a mudança de imagem do Brasil no Exterior com mais credibilidade e responsabilidade.
Após a autonomia, a felicidade
Depois de 23 anos produzindo matérias e editando as revistas de comportamento Nova e Cláudia, da Editora Abril, a
jornalista Joyce Moysés decidiu aprofundar a análise das mulheres de sucesso, apoiada por entrevistas com médicos, psicólogos e sociólogos de renome, o que resultou no livro “Mulheres de sucesso querem poder … amar” lançado pela Editora Gente em junho deste ano e que já está em segunda edição. Partindo de sua própria experiência de profissional de jornadas prolongadas de trabalho, assim como as do seu marido, igualmente jornalista, com um filho de oito anos, Joyce fala das armas para manter o casamento quando o sucesso da mulher pode ameaçá-lo. “No meu caso, estimulei-o a lançar um blog na internet, que coincidiu com o lançamento do meu livro, o que motivou dupla comemoração”.
Sua palestra foi pontuada por provocações à platéia sobre onde as mulheres gostariam de estar daqui a cinco
anos, partindo do princípio que a vida não é cor-de-rosa, mas com cores como roxa de raiva, vermelha pelo temor pelo resultado de um exame de mama, entre outras. E cita o sociólogo polonês Zygmund Baumaan, autor de “Amores Líquidos”, que trata do trabalho que dá manter um amor para não endurecer o coração. Para Joyce, as mulheres não têm mais motivos para um movimento coletivo, como foi o da queima de sutiãs no final dos anos de 1960. “A luta agora é individual, na busca da felicidade, do bem estar e da saúde, pois as mulheres conquistaram a liberdade e a autonomia, mas não estão felizes.

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