Em menos de um mês li duas frases que me fizeram refletir sobre o intricadíssimo e velho assunto das relações homem e mulher.
A primeira foi a manchete “A CADA 2 MINUTOS, 5 MULHERES SÃO AGREDIDAS VIOLENTAMENTE NO BRASIL” e a segunda foi num post de Marcelo Heidrich “HÁ MUITO HOMEM NÃO ENTENDENDO SEU PAPEL NO MUNDO.”
Nunca tinha feito esta ligação. Entre violência contra as mulheres e a falta de posicionamento do HOMEM (a espécie humana) na nova Era. Quando você guga “qual o papel do homem no mundo” encontra, nos primeiros textos, o homem em relação ao cosmos e à natureza. Nada sobre a relação homem-mulher.
Quando você guga “o papel da mulher no mundo” ou “what’s women’s role in the world” pouco vai agregar a seu conhecimento. As primeiras buscas são sobre “o papel da mulher ao longo da história” e como ela foi ganhando espaços na sociedade e mostrando que tem tanta capacidade quanto os homens. As primeiras, em inglês, referem-se às histórias das guerras e os consequentes saltos evolutivos da mulher. História, História. Nada sobre o nosso papel hoje. Sabemos o que foi feito há muito tempo atrás. Não o porquê lutar hoje.
E a guerra terminou antes de eu nascer! Faz 66 anos!
Sim, a pesquisinha é rápida e superficial, mas aponta que faltam conteúdos envolventes e democráticos para serem discutidos sobre o papel da mulher e do homem. Galgar espaços antes destinados aos homens é bacana, mas esses fatos estão sendo repisados há mais de meio século.
Me parece que temos objetivos, metas e tarefas, mas falta uma visão. O que queremos com os homens? Queremos celebrar que no Brasil, 7 milhões e 200 mil mulheres com mais de 15 anos – um país bem maior que a Dinamarca -, já sofreram agressões? E que 2% dos homens entrevistados declararam que “tem mulher que só aprende apanhando bastante”? Atente para o “bastante”!
Quando mudamos de Era, as mudanças são épicas!
Vamos deixar os fatos históricos na história. Vamos produzir conteúdos que expressem os buracos desse novo Homem Multitarefa? Conteúdos in-clu-si-vos, sobre todas as nossas escolhas sexuais e de vida. Conteúdos que possamos discutir, agregar, compartilhar. Uma nova visão, que nos inspire a querer contribuir para que o padrão seja o de contribuir para a preservação de uma espécie fantástica. A espécie dos homens e das mulheres de todos os sexos, culturas, religiões e credos.
Vamos começar? Que mensagens nós mulheres estamos passando?
A nossa secretária do Meio Ambiente, em seu discurso na FIESP, na cerimônia de entrega do Prêmio Excelência Mulher, passou esta pérola de mensagem: “Mas acima de tudo, a mulher dobra seus joelhos e ora!” ORA!!! Por favor, me tirem deste túnel do tempo!
Mas insisto: que mensagens nós mulheres estamos passando para o mundo dos nossos sobrinhos, primos, tios, pais, vizinhos, namorados, amantes, maridos? E que mensagens eles querem passar, discutir, aprender?
Deixo aqui a citadíssima e muito apropriada citação de Simone de Beauvoir “Enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitarem como pessoas em que, do ponto de vista social, política e econômico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade.”
E espero que daqui 5 anos possamos CE-LE-BRAR!
Celebrar o valor de homens e mulheres que ao desempenhar a mesma função, recebem o mesmo salário. Celebrar o fantástico declínio da violência sexual contra as mulheres, especialmente em zonas de guerra. Celebrar o fim da discriminação racial e da vileza da intimidação.
Uma salva de palmas para as novas relações entre homens & mulheres!
Valeu Claudia & Maria do Carmo! Vamos em frente!
Queremos você sempre conosco, acrescentando qualidade ao nosso trabalho. Obrigada, beijos